Muitas pessoas preocupam-se com nos acampamentos com cobras, aranhas, escorpiões mas se esquecem de um pequeno inseto que pode causar muita dor de cabeça – as lagartas.
Elas possuem pilosidades (pêlos) e são potencialmente perigosas. Há algumas espécies com venenos poderosos, como a Lonomia obliqua, denominadas "taturanas assassinas", que podem provocar hemorragia, insuficiência renal e até levar à morte.
Nos Estados do sul do Brasil, chegou a ocorrer mais de mil casos de acidentes com lagartas do gênero Lonomia, vários destes resultando em morte.
Pesquisas da ESALQ indicam que a proliferação destas deve-se ao fato de vários predadores naturais, contra os quais, curiosamente, os pêlos não são defesa, terem desaparecido com a devastação do ambiente natural. Desta forma, as taturanas, que antes alimentavam-se das folhas de árvores das matas, passaram a alimentar-se das folhas de árvores dos pomares, diminuindo assim a distância do habitat humano e aumentando a incidência de acidentes.
As taturanas (do tupi tata = "fogo" e rana = "semelhante") são insetos na fase larval, pertencentes à Ordem dos Lepidópteros - borboletas e mariposas.
Muitas famílias formam esta Ordem, mas poucas causam problemas ao homem. No Brasil algumas famílias são responsáveis por acidentes urticantes, sendo as mais importantes as Megalopigídeos e Saturnídeos.
Lagartas do gênero Megalopigídeos.
Lagartas do gênero Saturnídeos.
O maior número de acidentes por lepidópteros é do tipo Erucismo. Normalmente ocorrem no manuseio da vegetação, a pessoa toca a lagarta com as mãos ou a espreme com os dedos. Após a introdução das cerdas, o veneno é injetado. A dor é imediata e violenta com sensação de queimação, podendo irradiar-se para outras partes do corpo. O local fica vermelho e inchado podendo ocorrer ínguas.
Acidentes com lonomias apresentam, além dos sintomas citados, hemorragias em qualquer parte do corpo. São comuns o sangramento pelas gengivas, hematomas e urina escura. Este último sintoma caracteriza problemas renais. Hemorragias intracranianas também foram observadas resultando em óbito.
Alguns fatores de risco no acidente com lagartas são:
- número de lagartas
- intensidade do contato
- idade/patologia prévia
- intervalo acidente-atendimento
- traumatismo
- presença de sangramento
Grande concentração de lagartas em uma árvore
Acidente com grande quantidade de lagartas
Nos acidentes por taruranas, recomenda-se aplicação de compressa de água fria no local do contato. Caso a dor seja insuportável há necessidade da aplicação de anestésico injetável local, o qual essa medida deve ser realizada por profissional da área médica.
Havendo sangramento, o acidentado deverá procurar auxílio médico para aplicação de soro específico.
Devido ao grande número de acidentes hemorrágicos a partir de 1989, o Instituto Butantan desenvolveu o Soro Antilonômico que tem a propriedade de reverter o distúrbio causado pela taturana. Atualmente é o único tratamento eficaz . É também de grande importância que a taturana causadora do acidente acompanhe o acidentado, para uma identificação correta.
As taturanas são insetos lentos e mansos. Não “pulam” e não “voam”. Geralmente estão aderidas às folhas, galhos ou troncos das árvores, ocasião em que são “tocadas” pelas pessoas. Para coletá-las basta fazer uso de pinças, gravetos ou objetos semelhantes. Podem ser levemente pinçadas e colocadas em frascos variados de boca larga ou “empurradas” para dentro de uma caixa através de leves toques, forçando-as a entrarem no recipiente. Caixas de sapato são excelentes para a coleta.
É Importante ressaltar que a prevenção ainda é o melhor remédio contra acidentes com animais peçonhentos. Com taturanas não é diferente. Ao acampar, colher frutos no pomar, cortar lenha, escursionismo na mata ou em qualquer atividade em ambiente silvestre, observe bem os troncos, folhas, flores, gravetos antes de manuseá-los, usando sempre luvas!
Apesar das taturanas causarem acidentes e algumas prejuízos, como pragas às lavouras, elas são importantes dentro do equilíbrio da natureza. Sabe-se, atualmente, que o surgimento de lonomias em abundância deveu-se ao desequilíbrio ambiental provocados por desmatamentos, queimadas, extermínio de predadores por aplicação de agrotóxicos e por proliferação de loteamentos em áreas preservadas.
Ao encontrar taturanas, não mate-as. Colete-as e procure um profissional para a identificação correta e encaminhamento ao órgão competente. Desta forma, você estará colaborando com a ciência e preservando a natureza.
Cristo vem, preparate!
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